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,Skovolske
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Explorador
Seminário - 3 anos atrás


Durante um seminário, o expositor precisa estabelecer uma interação com a plateia
Leia a seguir a transcrição de um trecho de uma apresentação de José Gregori no seminário “Arquivos e Direitos Humanos: Documentos da Comissão Teotônio Vilela”:

Minhas amigas, meus amigos que estão na mesa, meus amigos, minhas amigas que estão no auditório, eu me sinto em uma reunião familiar, portanto, tenho que ser antiprotocolar, anticonvencional, para, em primeiro lugar, dizer, da minha imensa satisfação com esta providência tomada pelo Arquivo Estadual, de incorporar ao seu patrimônio, os papéis, os documentos, relatórios, de uma comissão que foi muito importante em um determinado momento da vida brasileira.

Acho que, o que fica depois de uma experiência como esta, é a lembrança, que como é decisivo, você nas situações difíceis, consideradas impossíveis e sem saídas, você teimar de que, como formiguinha, é possível traçar um rumo oposto àquele que vigora, que de certa maneira contamina quase todas as pessoas. Acho que foi esse o grande legado da Comissão Teotônio Vilela.

Como já tinha sido uma comissão criada anos antes, mas, que de certa maneira, não é a mãe da Comissão Teotônio Vilela, mas sem dúvida é uma inspiradora. A Comissão Justiça e Paz, que tinha sido criada em São Paulo, por uma pessoa cujo nome eu digo com muito respeito, que realmente foi uma figura dessas que a gente hoje diz, pelo menos o meu neto, de 20 anos, diz, que é um ponto fora da curva: Dom Paulo Evaristo Arns.

Eu acho que, mirada no exemplo da Comissão Justiça e Paz, que era exatamente um grito, pró direitos humanos, em uma época de arbítrio, em uma época de ditadura, em uma época que os militares praticamente faziam e desfaziam sem que a imprensa, os tribunais, nenhum setor da sociedade praticamente dizia: “êpa, não é este o caminho”. De repente, em torno de Dom Paulo, se reúne uma meia dúzia de pessoas de boa vontade e resolvem dizer “não, vamos tentar protestar, vamos tentar proteger, vamos tentar mostrar que o caminho não é esse.”

Isso acabou dando certo, acabou dando consequências. E, mirado neste exemplo, eu acho que a democracia ainda era uma coisa muito distante no Brasil, muito difícil de conseguir, mas necessário que a gente começasse a falar mesmo, começasse a explicar que fora dela não há salvação e que o regime antidemocrático não iria levar o Brasil para bons caminhos.

Dentro deste clima, um dia eu recebo um telefonema, de um grande amigo meu, que é dessas pessoas que não gastam o telefone, que naquele tempo não tinha celular, era aquele telefone preto pesado, mas que nunca falhava e nem precisava colocar bateria. Era usado permanentemente. Toca o telefone e é a voz inconfundível de Paulo Sérgio Pinheiro dizendo: “Olha, está tendo denúncias muito sérias, no Manicômio Judiciário.”

O Manicômio Judiciário, como se sabe, recebe aquelas pessoas que, do ponto de vista do direito penal, não podem ser responsabilizadas, mas em compensação, uma vez no Manicômio Judiciário, jamais sairão de lá. E, chegam denúncias muito sólidas, muito confiáveis, de que é uma zona de ninguém. Não há critério científico para tentar curá-las. Há abusos, há subversão a todos os valores dos direitos humanos. Vamos fazer alguma coisa no sentido de melhorar o que existe lá. E eu estou constituindo uma comissão de pessoas de boa vontade, já falei com Severo Gomes, já falei com a Margarida Genevois.

(…)

Eu acho que essa crise brasileira tem que ter uma saída, sobretudo, por uma decisão de um grupo de jovens, que tem a decisão que nós, modéstia à parte, tivemos, há anos e anos atrás. De fazer alguma coisa, difícil, impossível, mas, desde o momento que decidimos fazer era necessário que isto resultasse algum benefício. Eu acho que sem dúvidas, sem querer exagerar as coisas, mas acho que a Comissão Teotônio Vilela cumpriu um papel e o fato de hoje ela poder ser estudada, pela documentação que fica aqui guardada, é uma prova disto.

Termino dizendo que na idade em que estou, preciso começar ensaiando que tipo de discurso eu vou ter quando for indagado, inquerido, sobre a minha documentação, no plano eterno. Lá no São Pedro perguntavam: “bom, além do cartão de crédito, o que o senhor trouxe?” Eu, cada vez me convenço que tenho menos coisas para apresentar. Mas uma das coisas que vou dizer, porque acho lá também tem um bom arquivo, tão fidedigno quanto este, do Estado de São Paulo, vou dizer, olha, eu fiz o que pude na Comissão Justiça e Paz e na Comissão Teotônio Vilela. Vamos esperar a decisão, se for aprobatória, eu darei um jeito de mandar o recado para vocês.

É possível notar as partes que compõem a apresentação do jurista José Gregori, não é mesmo? Na introdução de seu texto oral, ele realiza a tomada da palavra, estabelecendo uma interação com seus ouvintes ao dizer:

“Minhas amigas, meus amigos que estão na mesa, meus amigos, minhas amigas que estão no auditório, eu me sinto em uma reunião familiar, portanto, tenho que ser antiprotocolar, anticonvencional, para, em primeiro lugar, dizer, da minha imensa satisfação com esta providência tomada pelo Arquivo Estadual, de incorporar ao seu patrimônio, os papéis, os documentos, relatórios, de uma comissão que foi muito importante em um determinado momento da vida brasileira.”

Em seguida, nota-se um cuidado do expositor em introduzir o assunto ao fazer referências a pessoas e fatos que são conhecidos pela plateia:

“Acho que, o que fica depois de uma experiência como esta, é a lembrança, que como é decisivo, você nas situações difíceis, consideradas impossíveis e sem saídas, você teimar de que, como formiguinha, é possível traçar um rumo oposto àquele que vigora, que de certa maneira contamina quase todas as pessoas. Acho que foi esse o grande legado da Comissão Teotônio Vilela.

Como já tinha sido uma comissão criada anos antes, mas, que de certa maneira, não é a mãe da Comissão Teotônio Vilela, mas sem dúvida é uma inspiradora. A Comissão Justiça e Paz, que tinha sido criada em São Paulo, por uma pessoa cujo nome eu digo com muito respeito, que realmente foi uma figura dessas que a gente hoje diz, pelo menos o meu neto, de 20 anos, diz, que é um ponto fora da curva: Dom Paulo Evaristo Arns.”

Percebe-se, ainda, que José Gregori parece ter domínio sobre o assunto, pois as informações que apresenta à plateia são organizadas de forma coerente, obedecendo a uma sucessão de acontecimentos até o estabelecimento da comissão à qual se refere, o que mostra um planejamento anterior a sua fala:

“Dentro deste clima, um dia eu recebo um telefonema, de um grande amigo meu, que é dessas pessoas que não gastam o telefone, que naquele tempo não tinha celular, era aquele telefone preto pesado, mas que nunca falhava e nem precisava colocar bateria. Era usado permanentemente. Toca o telefone e é a voz inconfundível de Paulo Sérgio Pinheiro dizendo: “Olha, está tendo denúncias muito sérias, no Manicômio Judiciário.”

O Manicômio Judiciário, como se sabe, recebe aquelas pessoas que, do ponto de vista do direito penal, não podem ser responsabilizadas, mas em compensação, uma vez no Manicômio Judiciário, jamais sairão de lá. E, chegam denúncias muito sólidas, muito confiáveis, de que é uma zona de ninguém. Não há critério científico para tentar curá-las. Há abusos, há subversão a todos os valores dos direitos humanos. Vamos fazer alguma coisa no sentido de melhorar o que existe lá. E eu estou constituindo uma comissão de pessoas de boa vontade, já falei com Severo Gomes, já falei com a Margarida Genevois.”

Assim, embora o tom de espontaneidade que uma apresentação como essa possui, nota-se que o expositor, provavelmente, planejou-a, selecionando os fatos e pessoas que dariam base para a construção de sua argumentação, ou seja, tais textos orais são resultantes de consultas a textos escritos, da construção de roteiros, da escrita de notas etc.

Percebe-se também que o expositor vale-se de alguns recursos linguísticos para encadear os fatos apresentados em sua fala. Entre esses marcadores de sucessão, podemos citar: “em primeiro lugar”, “o que fica depois”, “Como já tinha sido uma comissão criada anos antes”, “Dentro deste clima”, etc.

Finalmente, o expositor utiliza-se de uma expressão para indicar ao público que encerrará sua fala:

Termino dizendo que na idade em que estou, preciso começar ensaiando que tipo de discurso eu vou ter quando for indagado, inquerido, sobre a minha documentação, no plano eterno. Lá no São Pedro perguntavam: “bom, além do cartão de crédito, o que o senhor trouxe?” Eu, cada vez me convenço que tenho menos coisas para apresentar. Mas uma das coisas que vou dizer, porque acho lá também tem um bom arquivo, tão fidedigno quanto este, do Estado de São Paulo, vou dizer, olha, eu fiz o que pude na Comissão Justiça e Paz e na Comissão Teotônio Vilela. Vamos esperar a decisão, se for aprobatória, eu darei um jeito de mandar o recado para vocês.

Muito obrigado.


Partes essenciais de um Seminário

Como podemos notar pela análise da transcrição desse seminário, esse gênero textual possui determinadas características estruturais que são recorrentes no momento de sua construção. Assim, podemos definir como partes essenciais de um seminário:

Planejamento, estudo e escrita de roteiros e notas sobre o tema que será abordado, focalizando no objeto de estudo da apresentação, ou seja, estabelecendo o que de fato tem relação com a abordagem que será feita;

Criação de tópicos para auxiliar no momento da exposição oral;

Elaboração de cartazes, slides ou outros recursos com os pontos principais da apresentação, de acordo com o roteiro previamente preparado;

No momento da apresentação, o expositor deve fazer a interação com a plateia e usar recursos para tomar a palavra, ou seja, recursos para iniciar a apresentação;

Expor as informações de forma clara e hierarquizada, utilizando-se de marcadores de sucessão para o encadeamento dos fatos;

Durante a exposição, manter o contato visual com a plateia;

Utilizar-se de uma linguagem formal, clara, objetiva e concisa;

Adequar os gestos e a expressão corporal de forma que favoreçam a apresentação;

Ao encerrar a apresentação, agradecer ao público.

FONTE: https://mundoeducacao.uol.com.br/redacao/seminario.htm
De4n
2828 interações
Armstrong Gagarin
Resposta para Seminário - 3 anos atrás
Odeio fazer apresentações porque sou tímido

Ajudante há mais de 10 anos, ex-guardião e moderador da @HabboNight.

Consulte as FAQs: help.habbo.com.br

X: @HabboDe4n
Dropping57
124 interações
Patrulheiro
Resposta para Seminário - 3 anos atrás
eu odeio ter que apresentar algo, por isso nao faço faculdade tenho medo do TCC
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