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Faltando pouco para encerrar seu show no clube do Grêmio Náutico União, em Porto Alegre, nesta sexta-feira (14), o músico Seu Jorge foi alvo de ataques racistas. Na ocasião, que se tratava de um jantar de reinauguração de um dos espaços do clube, o cantor discursou a respeito das condições de vida de jovens pretos de comunidades pobres e se mostrou contra à redução da maioridade penal. Como reação, recebeu xingamentos como “vagabundo” e “safado” e até mesmo gestos e sons imitando macacos.
O que desencadeou a reação de parte do público presente, predominantemente branco, foi o momento em que Seu Jorge convida ao palco um músico negro para tocar cavaquinho, já ao final da apresentação. Logo em seguida, entra o discurso do cantor em defesa à comunidade preta. Pouco depois, chegado o momento de se despedir da plateia, o artista fora surpreendido com os ataques racistas. Em meio a gritos e vaias, alguns dos presentes chegaram a gritar “mito!” repetidas vezes, referenciando o atual presidente Jair Bolsonaro. Após o ocorrido, alguns conservadores foram ao Twitter comentar a situação. Na tentativa de mascarar um racismo escancarado que sofrera o músico, alguns usuários argumentaram que os gritos e vaias se deram pelo posicionamento político de Seu Jorge. Na apresentação, ele chegou a fazer com as mãos o símbolo de “L”, em apoio ao presidenciável Lula. O presidente do Grêmio Náutico União, Paulo José Kolberg Bing, se pronunciou dizendo que repudia qualquer ato de discriminação e que proclamou investigação interna a respeito do caso. O artista e sua equipe, no entanto, não emitiram declarações sobre o ocorrido até o momento. Dois dias antes da apresentação, no feriado de Dia das Crianças, o artista utilizou seu Instagram para criticar o trabalho infantil e celebrar a existência e atuação do Estatuto da Criança e do Adolescente. A foto que estampa a publicação é uma 3×4 dele, aos 14 anos de idade, época em que já trabalhava. “Precisamos cuidar de nossa juventude”, escreveu Seu Jorge.
