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Livros e Filmes #19
Estação Carandiru
Postado por AutoNight em 27/11/2016 às 23:22 e revisado por GirllInvisible - 585 visualizações

Olá galerinha, como estão? Então, a coluna Livros e Filmes tirou uma longaaaa feriaas rsrs mas agora já está de volta e para ficar firme e forte o ano todo! E nessa décima nona edição da coluna, vamos falar de um livro brasileiro. Vamos falar do livro, Estação Carandiru.

"- Na subida da escada, tem uma coisa interessante: estava lavado de sangue, um monte de cadáver espalhado. Não podia parar a fila, os polícias mandavam correr e ameaçavam: se alguém me espirrar sangue, vai morrer! Tinha que correr descalço naquela sangueira, sem levantar os pés para não sujar os elementos, que eles queriam achar pretexto pra matar."

O livro de não-ficção foi escrito pelo médico Dráuzio Varella e lançado em 1999. No livro, o autor além descrever  a divisão física da Casa de Detenção, os pavilhões, a sociedade carcerária e relatos de detentos e funcionários, termina com um relato do massacre de 1992,  onde foram assassinados cento e onze detentos no "Pavilhão 9".

É um dos livros brasileiros de maior sucesso, com mais de 460 mil exemplares vendidos e Prêmio Jabuti 2000 de Livro do Ano de Não-Ficção. Em 2003 o livro foi transformado em filme pelo cineasta Hector Babenco.

 

Dentro de suas paredes grossas, a posse de um maço de cigarros pode significar a diferença entre permanecer vivo ou morrer. Com uma população de mais de 7.200 presos e a dez minutos do centro da cidade, a Casa de Detenção de São Paulo, ou simplesmente o presídio do Carandirú, constitui um universo singular e quase desconhecido. Seus habitantes obedecem às normas de conduta da instituição e submetem-se, queiram ou não, a um rígido e implacável código penal próprio.

Lá, homens como Mário Cachorro, Sem-Chance, Jeremias, seu Luís e Filósofo passam o dia soltos e são trancados nas celas à noite. Estação Carandirú é o relato de dez anos de convivência do médico Dráuzio Varella com os ocupantes da Casa de detenção. Médico cancerologista, iniciou um trabalho voluntário de prevenção à AIDS no Presídio em 1989.

 

Trechos do livro 

"Por ele circulam advogados, mulheres com sacolas e funcionários corpulentos de calça jeans que falam do trabalho, riem uns dos outros e mudam de assunto quando um estranho se aproxima"

"A Detenção é um presídio velho e malconservado. Os pavilhões são prédios cinzentos de cinco andares (contado o térreo como primeiro), quadrados, com um pátio interno, central, e a área externa com a quadra e o campinho de futebol."

"O velho Jeremias, de carapinha branca, sobrevivente de quinze rebeliões e pai de dezoito filhos com a mesma mulher, não considera a valentia o ponto forte dos agressores:
- Tantos anos na cadeia, doutor, e nunca vi ninguém matar alguém sozinho. Chega a juntar vinte, trinta, para meter 19 a bicuda naquele que vai morrer..."

"O dia começa às cinco para a turma que serve o café da manhã. Moram todos juntos, geralmente no segundo andar do pavilhão, e fazem parte da confraria da Faxina, que é a espinha dorsal da cadeia, como foi dito."

"Os casais fazem fila diante da mesa, a mulher entrega a carteira de identidade, ele confere a foto, prende o documento à ficha com um clipe e o retém até a saída. Da porta para dentro não há carcereiros, os presos administram a própria visita."

"Nessa fase, eu saía da cadeia com um misto de impotência e culpa. De um lado, não conseguia esquecer o olhar encovado dos doentes; de outro, o que tinha eu a ver com aquilo? Já não bastavam o tempo gasto com as palestras e o risco de andar naquele meio? Além disso, muitas das expressões que me sensibilizavam como médico possivelmente nunca haviam demonstrado complacência diante de suas vítimas indefesas, na rua."

"Passei a semana introspectivo e desinteressado dos acontecimentos sociais, as lembranças da enfermaria indo e voltando. Minha mulher disse que nunca me viu tão calado. A introspecção, no entanto, não refletia a tristeza que como médico talvez eu devesse sentir diante daquela miséria humana."

"A perspectiva de penetrar fundo o universo marginal, embora assustadora, era tão fascinante que para dizer a verdade eu estava feliz, excitado com aquele trabalho e apaixonado pela medicina..."

" - Dia e noite preso, no meio de cara chapado e neurótico da mente. O senhor dorme do lado de um desconhecido, dá cinco minutos nele e ele te voa na sua garganta. Não tem descanso, é tortura psicológica para o ser humano, doutor."

"Durante o banho, observei que eles entravam embaixo do cano com as costas quase encostadas na parede. Comentei o fato com seu Manoel, que explicou:
- Ladrão nunca fica de bunda para os outros, doutor"

"No final, quem aparece para assumir a responsabilidade é quase sempre o laranja. Embora os funcionários saibam que aquele não é o verdadeiro autor do crime ou contravenção, pouco podem fazer contra o código de silêncio que rege a vida no crime."

"A noite havia caído. Na sala de consulta, eu louco para ir embora, entrou um altão, forte, devagarinho, as pernas abertas e as mãos amparando os testículos. Precisou de dois enfermeiros para subir na maca"

" - Se quiser ser minha, é o seguinte: só minha, entendeu? Te ponho num barraco, dou conforto, mas não vai tirar eu, não. Manter mulher de cadeia custa o olho da cara. Tirou eu, já era.
O xadrez da Margô tinha um beliche, cortina bege e um tapete de talagarça com dois cisnes e uma casinha, para não pisar na friagem"

" - O alarme buzinava sem parar; eu nervoso com o tocafita que não saía. Aí, pega ladrão daqui, pega dali, acabei cercado e tive que pular para dentro do cemitério. Sabe onde eu fui cair?
Não foi feliz na queda, andava mesmo com azar:
  - Bem no buraco de uma cova aberta..."

"Passava das três da tarde quando a Pm invadiu o pavilhão Nove. O ataque foi desfechado com precisão milítar: rápido e letal. A violência da ação não deu chance para defesa."

"No dia 2 de outubro de 1992, morreram 111 homens no pavilhão Nove, segundo a versão oficial. Os presos afirmam que foram mais de duzentos e cinqüenta, contados os que saíram feridos e nunca retornaram. Nos números oficiais não há referência a feridos. Não houve mortes entre os policiais militares."

 

  Filme

A adaptação para o cinema recebeu o nome Carandiru e foi filmada na própria Casa de Detenção pouco antes de ela ser implodida. Lançado em 2003 o filme teve um orçamento de 12 milhões de reais.

 

Para participar da promoção dessa edição você deverá apenas comentar algo sobre o Livro/Filme Estação Carandiru, pode ser uma critica, um elogio, uma observação... pode ser o que você quiser, apenas precisa ser relacionado ao livro ou filme
 

Os três melhores comentários levarão 15 NightPoints + Emblema da coluna (Um emblema novíssimo está sendo produzido).


 

Deixe sua opinião e comentário do quiz logo abaixo, e se quiser, deixe sugestões para a próxima coluna!

 

COMENTÁRIOS DA NOTÍCIA
Eu nunca assisti esse filme ou li o livro "Estação Carandiru" mas sei a base sobre os fatos do massacre, mas pelo que a coluna diz é notório a semelhança com o livro "O Cortiço" de Aluísio de Azevedo publicado em 1890, no livro "O Cortiço" o autor escreve suas percepções e analises a partir de suas experiências em um. E como dito aí em cima a obra é resultado da experiência do próprio autor, Dr. Draúzio Varella que publicou seu livro em 1999. a partir disso podemos tirar a conclusão da forte influência naturalista sobre o modernismo do autor Varella (mas tudo isso é só um comentário meu, após uma breve analise da sua coluna girlkk). Não me impressiona a obra ter se tornado uma das maiores de todo o Brasil e ainda receber o grande Prêmio Jabuti (o maior da literatura brasileira), me interessei bastante e espero ver o quanto puder. Ótima coluna, é objetiva e sabe como cativar seu público alvo ;)
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Hoody - há 9 anos
Em 2003, ano de seu lançamento, ?Carandiru? foi um dos filmes nacionais mais antecipados daquele período. Baseado no best-seller ?Estação Carandiru?, de autoria do médico Dráuzio Varella que adaptado pelo diretor Hector Babenco, cineasta argentino radicado no Brasil, o filme atende às expectativas do público, que, naquela época, lotou as salas de cinema do país ? sucesso que acabou gerando, posteriormente, em 2005, a série ?Carandiru: Outras Histórias?. A história por trás de ?Carandiru? começa em 1989, quando Dráuzio Varella (Luiz Carlos Vasconcelos) foi ao presídio realizar um trabalho voluntário de prevenção ao vírus da AIDS ? que vinha infectando muitos presos no local. O resultado de três anos de convivência entre o médico e seus pacientes foi posto justamente em ?Estação Carandiru?, uma obra em que Varella analisa muito o dia a dia e a vida dos presos. De uma certa maneira, este também é o propósito do filme dirigido por Hector Babenco, uma vez que ?Carandiru? faz o relato do dia a dia dos presidiários, de acordo com o ponto de vista de Dráuzio sobre eles. Por isso mesmo, a primeira cena do longa é aquela que retrata a chegada do médico ao local ? antecipada por um pequeno conflito no pavilhão ?, quando ele começa a entrar em contato com as suas primeiras impressões sobre o que acabou de assistir e que acabam influenciando na sua decisão de, talvez, não retornar ao presídio. Através do contato diário que Dráuzio possuía com os presos ? quando fazia a triagem para ver quem necessitava fazer o exame de detecção do HIV ? o espectador vai conhecendo, junto do médico, quem é quem no Carandiru, e quais os motivos que levaram aquelas pessoas a estarem ali. Mesmo quando a personagem principal não está em cena, a plateia continua a acompanhar a jornada diária de cada detento, numa verdadeira luta pela sobrevivência. Hector Babenco e equipe souberam desenvolver muito bem a história de ?Carandiru?, equilibrando, de maneira acertada, cada dose de emoção, revolta e alegria ? com destaque para a cena que retrata o show de Rita Cadillac. O único pecado cometido por eles foi no quarto final do longa ? justamente aquele que é mais importante, uma vez que mostra a rebelião que causou a morte de 111 presos, em 1992 ?, pois, neste momento, a obra ganha um ar de documentário que não condiz muito com o que estávamos assistindo antes, fazendo parecer com que estejamos assistindo a uma espécie de ?Globo Repórter? sobre o fato. Entretanto, isto não prejudica ?Carandiru?. O diretor Hector Babenco criou uma obra humanizada ? graças, principalmente, à maneira como Dráuzio retratou a personalidade dos presos, resultando em uma mistura de tipos que se espalham em diversas realidades dentro de um mesmo espaço ? e que causa uma grande empatia com a plateia. Outro acerto foi que o diretor não mostrou os presidiários como herois, e sim como pessoas que erram, que se arrependem, que se ajudam, que convivem com as suas próprias leis e que podem decidir jogar tudo para o alto. Neste sentido, também temos que reconhecer o mérito do elenco, que consegue transmitir com competência uma realidade nua e crua, que continua nas mentes daqueles que vivenciaram este período, e que teima em permanecer viva em algumas cadeias ou presídios do Brasil.
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M.flex - há 9 anos
amore se fosse para plagiar da internet ela nem criava a promoção, beijos t amo
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:RITALEE - há 9 anos
Kkkk colei mesmo mais foi pq eu queria ganhar um emblema da coluna mais essa não vai valer vou escrever uma com as minhas palavras desculpa aí galera do habbonight a de baixo q vale é pq sempre quis ganhar da coluna foi mal foi a primeira não vai acontecer dnv um abraço
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M.flex - há 9 anos
Gente que filme chocante parece ser interessante talvez eu assista [s2]
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RafaelGG28 - há 9 anos
Achei bem interessante, vou tentar assistir [s2]
Adorei a coluna [devil]
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Naalluu - há 9 anos
Curti muito essa coluna muito interessante fala muito sobre as prisões de antes e tem muito a ver com a realidade mesmo q tenha sido destruído depois do filme muito bom fala muito da realidade q vivemos u.u essa foi com as minhas palavras
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M.flex - há 9 anos
Nunca assisti, nem tenho vontade, prefiro ficar dormindo
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Leona - há 9 anos
Eu já assisti o filme Carandiru,mas faz tanto tempo que não consigo fazer uma sinopse do mesmo.Poderia pegar trechos do livro/filme na internet e comentar em cima,mas seria injusto com os demais participantes,então prefiro ficar neutro.Quem sabe não revejo o filme novamente.Já em relação ao livro,nunca tive a curiosidade em ler.
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::AZKABAN:: - há 9 anos
O filme Carandiru é antigo, porém, nunca assisti, espero um dia poder assisti-lo. :)
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Dj-MegaOver - há 9 anos
Que delícia de coluna, que bom que ela está de volta.
Vou procurar esse filme para assistir, não o conhecia mas agora até que me interessei.
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robert6966 - há 9 anos
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