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Postado por AutoNight em 05/11/2020 às 23:43 e revisado por Excel_ - 354 visualizações

Saudações, caro leitor! Por meio desta venho me apresentar, sou Surian para os mais chegados, o mais novo colunista desta incrível rádio maravilhosa. Bom, sou muito ruim com apresentações e despedidas, por isso vamos ao que realmente interessa.

Minha jornada aqui começou por causa de minha amiga e parceira de trabalho ,-Rapunzel, e pelo fato de eu não ter nenhuma criatividade vou plagiar me inspirar no trabalho dela e fazer aqui uma análise musical, que vai de encontro com o último e incrível HistoNight feito por ela. Sem mais enrolações, a música de hoje é: Geni e o Zepelim.

Depois do incrível e contemporâneo musicista Dj azeitona, podemos dizer que esta é, sem dúvidas, uma das mais belas músicas da MPB brasileira, lançada em 1978. A música entra em demasiado contraste com o que vivemos na atualidade, pois trata dos marginalizados, dos pobres, ou seja, das classes e castas menos favorecidas.

A história da música em si fala sobre Geni ou Genivaldo (o nome que a foi concebida ao nascer), fala sobre uma mulher transexual que desde a infância luta contra os preconceitos e barreiras postas pela sociedade.

Podemos dividir esta magnifica música música em três partes:

I - PRÓLOGO.
A primeira parte exclama, na visão da sociedade preconceituosa, como a promiscuidade e a libertinagem estão presentes na vida de Geni, o que se limita basicamente a isto, o corpo dela a todo tempo, é tratado meramente como um objeto, e somente isto.

“De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Co'os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade”

Nesta primeira parte também vemos como Geni não se limita a doar seu corpo a qualquer um, Geni é discriminada o tempo todo, por isso não faz distinção e não possui qualquer tipo de preconceito.

E então vem o refrão:

"Joga pedra na Geni!
Joga pedra na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!"

Nisto, podemos ver que por fugir dos padrões e aceitar qualquer um em sua vida, Geni é escarneada, desumanizada e agredida física e moralmente.

II- REVIRAVOLTA.
Imagine a cena, todos fazem recusa a vida toda de uma pessoa, marginalizando-a desnecessariamente, e descobrem que precisarão dela pra salvar suas vidas. Pois bem, foi o que aconteceu na música.

"Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geleia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo Mudei de ideia
Quando vi nesta cidade
Tanto horror e iniquidade
Resolvi tudo explodir
Mas posso evitar o drama
Se aquela formosa dama
Esta noite me servir"

Um general desce de seu zepelim e exclama querer uma noite com a moça mais formosa da cidade, a única que salvaria a cidade diante de "tanto horror e iniquidade", NÃO QUERO NINGUÉM QUE NÃO SEJA GENI! - é o que foi exclamado. No olhar narrativo é impressionante como Chico coloca cidade contra a parede, tornando-as reféns de seu próprio preconceito, fazendo-as ficar incrédulas com a escolha do homem, tal parte é explicitada no refrão que vem logo a seguir:

"Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni"

III - REDENÇÃO.
Depois disto é evidenciado como além das partes "carnais" Geni também tinha seus caprichos e mantinha o poderoso homem como prisioneiro. Arrependida e desesperada, a cidade em seguida clama por Geni.

Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni

No momento que precisam, na boca de quem cuspia, Geni vira santa, infelizmente tudo gira em torno de interesses, a narrativa não foge da regra.

Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco

Este trecho evidencia que apesar de sentir nojo por o que estava fazendo, Geni praticou o ato, não por si, pela sociedade que outrora a tratava com contempto. Após o ato vemos logo em seguida o que acontece quando cedemos aos interesses do próximo:

"E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni"

É, caro leitor, o ciclo se repete, as pessoas vão agir com interesses e vão te julgar independente de suas atitudes. A seguir minha humilde opinião: Bom, acredito que apesar de tudo, Geni não se arrependeu de fazer o que fez, os outros sempre vão agir por interesse, todavia, devemos sempre ser a pedra tentando romper este circulo... Sim, caro leitor, o fim de tudo não tivemos a redenção de Geni, tampouco a aceitação dela na sociedade, mas no final o que sobra é o mais importante, o sentimento de Geni de ter feito o correto, e isso, caros leitores, não tem preço que se pague.

Deixo este último espaço a todas as "Geni's" que estão presentes em nossa sociedade, quantas mulheres trans ainda terão que morrer? Quantas mulheres trans ainda vão apanhar simplesmente por sair de casa? Respeitem a todos, sem distinção!

Por fim, isso é tudo. Fiquem bem, seus lindos!

Confira a música abaixo:


O que você achou dessa coluna? Comente e avalie! Siga-nos no Twitter: @habbonight

 

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COMENTÁRIOS DA NOTÍCIA
Eu estudei sobre isso na escola que saudade!
Responder
-Melaniee - há 4 anos
Saudade dos tempos da escola
Responder
rataelaa - há 2 anos
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